Do
giro que dei pelo meu interior sobraram ótimas lembranças e relembranças, seria
tudo perfeito não fosse a pancada que dei com o lado interno de meu tornozelo
direito, que me tirou do sério de tanta dor latejante e de tamanha dificuldade
de locomoção.
De Monte Aprazível volto com a
lembrança renovada dos parentes, dos amigos e do próprio lugar que um dia me
acolheu solidária de outra pancada que a vida me deu. Revi a Sarah com seus
brilhantes olhinhos azuis, que em troca deles exigiu que eu fosse buscá-la na
Escolinha do Dom Bosco. Ali matei a saudade da Nilda, do Garotinho, da Thaís, da
Ju e do Tulio; da Dulce e da Márcia. Reencontrei amigos dos velhos tempos como o
Dr. Mário Luciano Macri, o Dr. Ivan Rui, como o Fadula e sua esposa e minha
antiga vizinha Adelaide, filha da querida e saudosa Dona Deca; recebi o abraço
amigo do Bolachinha e a simpatia de tantos outros conhecidos.
A chuva forte do dia da chegada
deu um refresco a uma estiagem que vem castigando as roças e as pastagens e pude
ver o verde reaparecendo. Fomos ao sítio na companhia do Nego (Ermelindo
Domingues), pudemos ver o estrago que esta seca causou, apesar do esforço
hercúleo da Dona Dirce e do Sr. Antenor Tonon. Pude tomar o cafezinho com pão
feito em casa na casa da tia Preta (Venina), comer o macarrão com brócolis que
só a Nilda sabe fazer. A pancada foi na hora da partida, acho que se ficasse por
lá nem sentiria tanta dor.
Em Rio Preto houve o reencontro com a filha Letícia, com a neta Gabi e seu
namorado Matheus, com a neta Ju, doce mãezinha da Lalá, minha esperta e linda
bisneta que sempre me estranha na chegada e de repente salta em meu colo e enche
minh’alma de ternura. Como a Lília mora em aviões, não pude vê-la, mas vi minha
neta Beatriz, sempre delicada e bela, vi meu genro Dr. Maia, vi a Aline sempre
risonha e acolhedora, numa reunião de alegre bate papo naquela varanda
deliciosa.
E para saciar os apelos da gula, a Dirce Mara e eu encaramos o lombo de
porco inigualável, incomparável, da Churrascaria Gaúcha, da antiga, original,
aquela da Prudente de Morais. Considero-me seu freguês cativo desde o ano de
1957, quando se deu a inauguração da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras,
a Fafi. E tive a alegria de lá encontrar, firme, lépido, servindo as mesas com
desenvoltura, o Décio, garçom desde aqueles tempos, prova maior da tradição da
casa. Valeu a pena. Trazendo na alma o carinho que me envolveu naquela passagem,
retomei a estrada.
Chegou a vez da
minha terra natal, tinha que entrar em Itápolis, rever minha irmã Maria Izabel,
o Vladimir, o Jajá, passar os dias naquela casa cheia de lembranças e ir dormir
na casa do Vicente, revendo a Kellen, a Tuti e o Alison, novo membro da família.
Uma passada na casa de meu irmão Roberto, revendo também a cunhada Izaura e a
sobrinha Maria Luísa e uma tarde de reunião com meus amigos e grandes
responsáveis pela edição do meu “Histórias que não foram escritas”,
que está prestes a ter seu volume 2 publicado. Com o Sinibaldi Del Guércio Fº
ficou tudo combinado para a confecção do volume 2 e sinalizada a edição
subsequente do volume 3. Com o Valentim Baraldi, acertamos também o critério
para a escolha das fotos que serão publicadas.
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Valentim Antonio Bruderhausen,
o nosso querido Capacete e Orestes Nigro |
Sempre que vou a Itápolis levo
comigo o desejo de rever todos os meus amigos e de encontrar alguns leitores com
quem troquei ideias ou por carta ou por e-mail. Vou sempre pensando em rever o
Chiquinho Santarelli, o Nicalo e a Darci; o Alcides Cassini e a Dione; a Dona
Neusa e o José Montera; a Dionê e o Otavinho Zagatti e muitas outras pessoas por
quem tenho enorme estima, mas como passo sempre correndo, volto com aquela
amarga frustração de partir sem concretizar minhas intenções.
Desta vez pude, pelo menos,
realizar um velho projeto. Conhecer uma pessoa que já mora em meu coração há um
bom tempo, de tanta coisa boa que falam dele. Até que enfim sobrou um tempo para
ir ao Empório do Capacete, situado próximo à Avenida da Saudade (Frei Paulo Luig). Estava um dia
lindo que combinou com o cenário, uma loja arrumadinha, de aspecto alegre, com o
sorridente Raphael, filho do amigo que eu há tempo queria conhecer e abraçar. E
lá estava ele que só vi quando ainda eu era jovem e ele menino.
Seu semblante lembrou-me logo o
Sr. João Bruderhausen, o que me fez pensar “é ele!” E era mesmo. Foi um longo
bate papo, onde relembramos muitas coisas, fatos e pessoas da nossa velha
Itápolis. Durante nossa conversa ressurgiam em minha mente as figuras de sua
família, a Irene o Euclides, o Orlando, a Olga, a Rosa, a Theresa, era uma
grande família, ainda lembrei da Bentina, do Antonio, do Hugo. O Capacete me
contou que o Antonio é uma verdadeira enciclopédia das memórias da família e da
antiga Itápolis, fui até a casa dele para passar uma hora da saudade, ele
não estava, mas não vai me escapar.
Eu tinha que fazer
essa visita, pois embora não o conhecesse pessoalmente como adulto, era muito
grato a ele, pois sempre soube, pelos meus amigos, que ele me prestigiava como
cronista da cidade, tanto que se dispôs a realizar a venda de inúmeros
exemplares de meu livro. Além disso, eu sabia que ele era amigo de meu pai e
defensor da ideia de que o município o homenageasse, o que felizmente acabou
acontecendo.
O encontro foi tão agradável que
até me deu a oportunidade de conhecer pessoalmente o Evaldo Kock Jr, o filho da
Enid Januzzi, que me escreveu uma carta memorável sobre sua avó, Dona Tita.
Um grande abraço a você,
Capacete, valeu! |