Anuncío aos meus
leitores a entrada de uma nova fase da minha criação de crônicas
e de artigos ao estilo “colunista”. No espaço que me é
proporcionado na web-revista www.comerciodeitapolis.com.br, na
seção Memorial, manterei as crônicas que o Valentim Baraldi, em
momento inspirado, batizou de Histórias que não foram
escritas”.
O assunto segue
sendo minha terra natal, minha Itápolis, resgatando fatos,
personagens, modos de vida que caracterizaram a terra
itapolitana num passado que já vai longe. Pretendo me estender
neste tema até que os registros de minha memória se extingam.
Quando me ponho a relembrar dos tempos vividos na minha
terrinha, sinto que ainda guardo claras lembranças ainda não
exploradas em minhas páginas.
Acontece que eu
vivi muitos mais anos além daqueles de minha infância e
juventude. Passei alguns anos como estudante universitário em
nossa capital. Já formado e iniciando minha carreira no
magistério, ganhei minha primeira sorte grande, a
indicação para dirigir a cátedra de língua e literatura
francesas da primeira unidade do que é hoje a Unesp
(Universidade Estadual Paulista), dando um salto importante e
definitivo na carreira de professor universitário, deixando o
modesto cargo, não remunerado, de auxiliar de ensino que
começara a exercer na USP, cuja evolução demoraria anos, pois
teria que passar pelo cargo de 3º, depois de 2º e de 1º
assistente para vislumbrar ao longe a possibilidade de chegar
ao topo, à cátedra.
De forma
surpreendente para mim, ofereceram-me simplesmente a cátedra.
Vocês certamente já estão a se perguntar: “por que não indicaram
o primeiro, ou o segundo, até mesmo o terceiro assistente?” E
poderá, com razão, até pensar: “aí teve coisa!” – Mas, não teve
não.
O problema é que
todos esses assistentes, de todas as cadeiras, foram convidados
e ninguém aceitou! Mesmo oferecendo vantagens salariais,
facilidades de instalação na nova cidade, os encarregados da
montagem da nova Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras,
encontraram enorme resistência da parte da USP, da parte das
revistas especializadas como “Anhembi”, da parte do jornal “O
Estado de São Paulo“, o conhecido Estadão e, também, da parte
dos professores universitários.
Os especialistas
em educação, os donos das cátedras, os jornalistas que
apadrinharam a criação da USP, em 1934, toda a elite cultural da
capital paulista se insurgiu contra a ideia, porque achavam-se
certos de que nenhuma cidade do interior, fosse de São Paulo ou
de outro estado, estava em condições de abrigar uma
universidade! Por isso e porque havia interesse político na
instalação da nova unidade, sobrou a missão aos iniciantes na
carreira. Aos ex-alunos que se destacaram e que tinham
pretensões de carreira.
E não foi fácil.
Junto comigo, um grupo seleto de ex-alunos fomos os indicados
pelos diversos catedráticos das disciplinas que formavam o
quadro de matérias da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
da época. De início eu fui o único a aceitar de pronto, talvez
porque fosse eu o único que sonhava com a volta para o Interior.
Fui o primeiro a
desembarcar em Rio Preto, em março de 1957. As aulas estavam
marcadas para começar em abril. Durante essa espera comecei a
receber ligações de colegas que haviam sido indicados e não
aceitaram, querendo saber como era a cidade, seu clima, seu
comércio, suas moradias. Como quase todos eram meus amigos e
comungávamos os mesmos ideais de renovação dos costumes
universitários, passei a estimulá-los a aceitar o desafio, o que
acabou acontecendo.
Aí deu-se a
primeira grande mudança em minha vida pessoal e profissional e
tudo que se deu depois será tema de meus escritos a serem
publicados no site
www.itapolis.net a partir da semana que vem. Então serão dois tipos de trabalhos escritos
à disposição de vocês. A crônica semanal que fala da Itápolis de
minha infância e juventude (www.comerciodeitapolis.com.br)
e a coluna semanal que focalizará minhas experiências
profissionais e pessoais, minha vida nas outras cidades em que
vivi além de São José do Rio Preto, como minhas saudosas Monte
Aprazível e Votuporanga (www.itapolis.net
).
Devo dizer-lhes
que pretendo manter o estilo dos escritos que vocês já conhecem,
que evitarei longas lenga-lengas enfadonhas e que espero
continuar contando com a companhia de vocês, meus queridos
leitores, minhas queridas leitoras. |