Assim como foi
impossível não falar das mães no seu dia, o mesmo sucede com
relação ao clima de filme de terror que vem aumentando dia a dia
nos meios de comunicação.
Acho muito
triste ter de conviver com assassinatos de crianças, com
estupros de criaturas indefesas, com atos de tortura contra
vítimas de assaltos, enfim, com atos de crueldade crescente,
cada vez mais monstruosas, barbarisantes e cada vez mais
animalescas.
Desde o crime
que vitimou aquela doce garotinha Isabela, que a todas as
pessoas de bem chocou e parecia que seria único, uma aberração
desumana, que as coisas tomaram um rumo aterrorizante,
desencadeando uma enxurrada de atrocidades cada vez mais
cruéis.
Tivemos que
conviver com notícias do sequestro, assassinato e destruição
do cadáver de Elisa Samudio, com o corpo incendiado de uma
sofrida dentista, com aquela mulher que morreu sendo arrastada
por uma viatura da polícia, com netos matando avós, filhos
matando pais, maluco invadindo escola para matar crianças que
nem conhecia. E agora temos o primeiro linchamento de uma mãe
de família, por uma turba de assassinos em potencial, ávidos de
sangue e de barbárie.
E tudo isto sob
o olhar indiferente de nossos governantes, de nossas autoridades
e de boa parte de nossa sociedade. O pior dessa indiferença é
que ela parte também de mulheres investidas de poderosos cargos
públicos. A morte rondando os lares e os governantes preocupados
com a Copa do Mundo, com as suas campanhas eleitorais, com seu
enriquecimento eivado de ganância. Sinto que estamos vivendo uma
espécie de guerra surda, camuflada e desapercebida pelos que
poderiam evitá-la.
Na verdade, o
que vivemos é um grande retrocesso, uma grande decepção com o
terceiro milênio, que prometia um homem muito mais evoluído e
que, na verdade, está revelando um homem extremamente
individualista, divorciado do coletivo, afastado do seu próximo
do primeiro Mandamento, seduzido e enfeitiçado por uma fúria
materialista nunca vista antes na história da humanidade.
E não enganam as
demonstrações do hipócrita misticismo que virou moda nas redes
sociais. Nunca Seu santo nome foi tão tomado em vão, alguns
falam em Jesus com uma intimidade que chega ao ridículo e muito
pouco de tais manifestações de fé são dignas de crédito. Na
verdade estão quase a totalidade das pessoas envolvidas até os
fios de seus cabelos no seu egoísmo exacerbado, na sua obsessão
de ter e ter sem limites. E esta neurótica involução caminha na
perigosa senda da auto destruição da humanidade.
Estamos voltando
ao homem primitivo, sanguinário, irascível, que só conhecia a
força bruta como meio de subsistência. Para marcar este
retrocesso estão pintando o corpo, a cara, violentando as
narinas e as orelhas, dançando danças primitivas ao som de
ruídos ensurdecedores que têm o propósito de impedir o diálogo.
Estão desprezando a musicalidade, a poesia, a força da palavra.
É o verbo sufocado pelo grunhido, é a alma anulada pelo físico
do brutamonte.
Estamos voltando
para a prática de uma violência que é sua forma de julgar e de
punir, que já valeram para a antiga Araraquara o apelido de
Linchaquara, cujas vítimas se eternizaram nos irmãos Brito; logo
teremos de volta os ladrões de cavalo que aterrorizavam os
campos da velha Taquaritinga. Até as doenças antigas e outrora
debeladas estão voltando, como a dengue, a febre amarela, o
lmpaludismo.
Você quer mais
provas que isso para se convencer de que o nosso mundo está
correndo sôfrego para trás? Se duvida ainda, pense nos
abomináveis menores que queimaram a dentista do ABC, lembre-se
das madrastas-bruxulientas que se livraram de seus incômodos
enteados matando-os friamente, olhe com olhos livres das
cortinas de fumaça que são lançados pelos brinquedos que a
tecnologia moderna cria a cada segundo para tornar você um ser
ainda mais alienado e gelado perante seu semelhante. |