A Vila Nova,
primeira região urbana da velha Itápolis a ser considerada
bairro e a receber um nome, reunia os moradores de um
quadrilátero que se alinhava entre as ruas Bernardino de Campos
e Rua Boiadeira, limitadas pela Avenida Florêncio Terra, da
Bernardino de Campos até mesmo às residências que ladeavam o
famoso bambual, na saída para Borborema. Inúmeras famílias
viviam ali, muitas casas comerciais, uma máquina de
beneficiamento de arroz, do Sr. Otávio Próspero, a máquina de
beneficiar café do Sr. Carlos Vessoni, a oficina de ferreiro do
Sr. Ismael Palhares, o empório do Sr. Vicente Granucci,
enfim,
vários
estabelecimentos comerciais. Na Vila Nova de então, havia uma
praça que chamávamos de Largo Santo Antônio, onde erigiram um
Cruzeiro, com seu pedestal de alvenaria. Na parte superior, a
Vila Nova se confrontava com pequenas propriedades rurais,
dentre elas a Chácara do Sr. Francisco Torre.
Uma casa
comercial de várias portas em estilo antigo, abrigava o armazém
do Sr. Vitório Renesto, que eu conheci ainda criança, pois
sempre que meu pai passava com a gente por aquelas bandas, dava
uma chegada na loja do Sr. Vitório, que era casado com a Dona
Carolina. Bem mais tarde vim a descobrir que a Dona Carolina era
irmã da Dona Nina Scaramuzza e do Sr. Carlos Vessoni, portanto
era uma Vessoni.
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Família
Renesto |
A família já
estava formada quando os conheci; o mais novo, o Elio era meu
contemporâneo no Grupo Escolar Antonio de Moraes Barros, ele,
mais novo que eu, no 1º ano, enquanto eu cursava o 2º ano. O
Élio (assim mesmo, sem H, ortografia italiana) e eu nos
aproximamos por causa de um evento importante na época, 1941. O
Grupo ia promover uma grande solenidade relativa a um fato
histórico municipal e eu fui escalado para declamar um poema de
Olavo Bilac e o Elio tinha que declamar um poema de Camilo
Castelo Branco e os ensaios eram feitos na mesma sala. Ali
ficamos amigos para sempre. Quando adolescentes formávamos na
mesma turma de amigos e quando entramos na USP, em São Paulo,
fomos morar juntos, na pensão da inesquecível Dona Patrocínia,
onde acabamos reunindo 8 itapolitanos: o Baianinho (Geraldo
Hauers, o querido comediante), o Alcides Cacini, o Antoninho
Pereira, o José Carlos Próspero (o famoso Zé Triplex), o
Naurzinho Janzanti, nosso caçulinha, o Henrique Segundo Zabini,
o Vitor João Basílio, que era de Ibitinga, mas se formou em
Itápolis e tinha alma de itapolitano, o Elio e eu.
A amizade com o
Elio me aproximou de seus irmãos, dos quais me lembro muito bem.
Dona Carolina teve nove filhos, três mulheres e seis homens.
Pela ordem de chegada a este mundo tínhamos a Amélia, o Alberto
(conhecido como Bertinho) era casado com a Dona Adelina
Próspero; depois vinha a Páscoa que mais tarde se casou com o
Tito Brunelli (Armando), o Danilo que se casou com a Myrthes
Castro e foram morar em Bauru, o Olímpio, o Asílio, o Tirso,
casado com a Dona Terezinha Andreatti, de Matão, a Odila e o
caçula Élio, que se formou na USP e foi ser mestre em Geografia
na região de Lucélia e Tupã.
Os Renesto eram
uma família que teve a felicidade de escapar de uma
característica dos descendentes de italianos: a obesidade. A
maioria dos “oriundi” logo que viravam adultos recebiam aquela
barriguinha típica. Desde o Sr. Vitório, até o mais novo, o Elio,
os Renesto eram todos esbeltos, quase todos altos, esguios
elegantes e traziam a pele amorenada típica dos italianos
meridionais.
Nossa cidade era
formada de inúmeras famílias, umas vindas da Itália, outras de
Portugal, outras do Líbano, da Síria, da Espanha, da Alemanha,
da Polônia, do sertão de nosso Brasil e seu traço comum era o
grande respeito que podiam merecer. Os Renesto não fogem à
regra, todos aqueles rapazes e aquelas moças souberam sempre
honrar o nome que ostentavam. Em qualquer profissão ou
empreendimento que adotaram, foram sempre de uma conduta
irrepreensível.
Aquela foto
postada na Internet me encheu de saudade e de orgulho por ter
merecido a amizade deles todos. Os mais chegados foram o Tirso e
a Terezinha, que foram vizinhos de minha mãe e com isso pude
conhecer de perto seus filhos Tirsinho, Lulinha (Márcia), Carlos
Alberto, Celso Eduardo e Tóinho (Vitório Luís). A Páscoa e o
Tito Brunelli eram praticamente vizinhos, o Bertinho tinha um
comércio de peças na esquina da Casa Lutaif, também vizinhos,
com isto ficamos mais próximos e convivemos com seus filhos
Nancy, Geraldo José e Magda. Como eu me prendo ao tempo que
chamo de “minha mais tenra Itápolis”, não me foi possível
conhecer os outros netos e quem sabe os bisnetos do Sr. Vitório.
Sei hoje que esta família se espalhou um pouco, que em Itápolis
vivem o Tirso e a Odila e que seus irmão já se encontram ao lado
de Deus. Mas enquanto vivos, ativos e dignos, enriqueceram muito
a nossa velha e querida Vila Nova. |