|
|
Francisco Nogueira Porto |
Orestes da Costa Sene Jr |
Voltando à minha
mais tenra Itápolis, reportando-me à década de 1920, quer dizer,
antes do meu nascimento, havia dois cidadãos na nossa cidade que
eram amigos e correligionários, companheiros nas lides
políticas. Um deles era o advogado Orestes da Costa Sene Jr.,
vulgo “Caboclo”, meu avô materno e o outro era Francisco
Nogueira Porto, conhecido como Chico Porto; ambos foram muito
ativos na vida do município, ambos foram prefeitos e esta
ligação também se refletia nas famílias de ambos, a família Sene
e a família Porto.
Um dos traços
comuns destas duas famílias era o grande número de filhos,
Francisco e Dª Cotinha tiveram 9 filhos, Caboclo e Dª Nenê,
tiveram oito. Ambas as famílias viveram em Itápolis até meados
dos anos 20 e durante esse tempo ambos foram cidadãos dedicados
à vida pública, foram prefeitos da cidade, Francisco Porto
exerceu o cargo de 07/01/1911 a 15/03/1914 e em seguida foi o Caboclo que
foi prefeito de 15/01/1916 a 15/01/1920.
Esses dois
chefes de família tiveram que se mudar de Itápolis naquela mesma
época, Francisco Porto foi viver em Santos, por motivo de Saúde
e Caboclo foi com a família para São Paulo, por razões
profissionais.
O último fato
comum na vida dos dois foi que ambos faleceram fora da cidade em
que fizeram carreira, Francisco em Santos e Caboclo em São
Paulo, deixando duas viúvas ainda relativamente moças, cada uma
com uma penca de filhos, minha avó, Maria Isabel de Moraes Sene,
a Dª Nenê e Maria Alves Porto, a Dª Cotinha.
As duas viúvas
destes dois amigos tornaram a se encontrar em Itápolis, para
onde voltaram para criar e formar sua filharada; Dª Nenê com um
homem e sete mulheres e Dª Cotinha com dois homens e sete
mulheres.
Dª Cotinha, que
quando eu virei gente morava numa casa grande, ali na Avenida
Campos Salles, um pouco acima da Avenida 7 de Setembro, criou e
formou seus nove filhos. Preciso adiantar que todos os membros
dessa grande família já deixaram nosso convívio. Então vamos lá!
O mais velho era
o Lucillo, um “gentleman” que se casou com Adélia Vessoni; deles
nasceram a Maria de Lourdes, a conhecida Nenê, minha coleguinha
na Escola da Dª Mazé, que deixou viúvo o meu colega e amigo
Sylvio Francischetti e o Lucillinho, que virou engenheiro e vive
em São Paulo. Depois do Lucillo vinha a Sebastiana, que todos
chamavam de Sebastianinha ou Tianinha, que foi casada com o
jornalista paulistano Nelson Cunha Azevedo; Tianinha viveu em
São Paulo onde exerceu cargos de relevo na Secretaria da
Educação.
O segundo filho
homem era o Romeu, conhecido como Romeuzinho Porto, que foi
casado com minha ex-professora de Didática, Dª Wanda Lalaina, os
dois tiveram dois filhos, o Rubens e o Rui.
A quarta filha
se chamava Julieta e, quando a conheci, era casada com o
comerciante Waldomiro Ribeiro dos Santos que foi proprietário da
antiga Padaria e Confeitaria Lusitânia, com quem teve quatro
filhos: Neuza Maria, Waldomiro, Glaucia Maria e Edwiges Maria.
A quinta filha
de Dª Cotinha e Francisco Porto era a professora Lucilla Alves
Porto, que viveu solteira.
Maria Alice, a
sexta filha, casou-se com o simpático Luiz Gonzaga Canineo e do
casal nasceram Maria Clarinda, Maria Lúcia, que todos conhecem
como Morena, Maria Aparecida, a Dudu e Francisco Paulo Canineo;
tive a ventura de conhecer a Morena, que me lembrou a fineza de
sua antiga família e que me ajudou a montar a ordem sequencial
dos nove filhos da família Porto.
A sétima filha,
Maria Aparecida Porto Castanheira tinha esse nome porque era
casada com Sócrates Castanheira, com quem teve duas filhas,
Geila Castanheira Camargo e Elisabeth Castanheira Torre.
A oitava dos
filhos de Dª Cotinha era a Cora, que se casou com Hugo Rodrigues
da Costa e seus filhos são a Sandra Lia e o Hugo Jr.
Encerrando essa
galeria de filhos, vem a Zezé Porto, cujo nome de batismo era
Maria José Alves Porto, casada com Antonio Castanheira Filho,
primo do Sócrates, marido da Maria Aparecida. Zezé e Antonio
tiveram quatro filhas, Ana Maria, Ana Cristina, Maria José e
Regina Célia.
Em geral, eram
desse tamanho as famílias de nossa Itápolis da primeira metade
do século passado. Tanta gente poderia ser sinônimo de grandes
dificuldades para a criação e a formação dos filhos, mas na
verdade, o grande número era fonte de união, de esforço conjunto
e de superação.
Todos estes
filhos e filhas de Francisco Porto e de Dª Maria Alves Porto, a
Dª Cotinha, formavam uma família respeitada e querida em nossa
cidade e seu traço característico era a fidalguia no trato e a
disposição para colaborar; todos se formaram e se tornaram
cidadãos úteis à cidade, dignos de admiração e da simpatia de
todos.
Lucillo Alves
Porto foi prefeito em dois mandatos, de 1942 a 1945 e de 1946 a
1947. A família Porto de Itápolis tinha muitos parentes no
distrito de Nova América, lugar onde os Nogueira Porto, vindos
da região de Jacareí, se fixaram antes de conquistar a sede do
Município. Dª Cotinha e sua amiga Dª Nenê, minha avó, são
exemplos das viúvas batalhadoras que enfrentavam as dificuldades
de educar e formar uma porção de filhos sem perder a dignidade e
se fazendo respeitar por seus conterrâneos. Conheci, na minha
mais tenra Itápolis, muitas mulheres exemplares como valorosas
chefes de famílias. |