Há três dias estou matando a saudade da terra natal, estou
podendo rever o céu azul dos tempos frios dos anos da infância,
quando o frio só aparecia no mês de junho e se despedia logo no
início das férias de julho, férias essas que duravam o mês
todinho, de 1 a 31.
Tendo que sofrer o frio que faz em São Paulo, muito mais
intenso, por muitos anos e, mesmo passando maior parte do meu
tempo atual em Santos, onde o vento frio que vem do mar traz um
friozinho irritante, me surpreendi com esse frio insistente que
faz aqui, em pleno início de maio. Isso não acontecia
antigamente, até maio ninguém passava frio e o que vinha em
junho durava pouco mais de 15 dias e logo ia embora.
São outros tempos, o clima de hoje, no mundo todo, está mudado.
São Paulo da garoa só revive quando ouvimos a Inezita Barroso
cantando “Lampião de Gás”. As praias quentes do litoral já se
limitam a parte de dezembro, mais janeiro e parte de fevereiro,
sendo que a chuvarada que cai nessa época ameniza o calor que
era firme em outras épocas.
|
Mingo, Pacau e Lino Cardilli durante
a gravação das histórias do Bar Cardilli realizada
pela Secretaria Municipal da Cultura, onde quase
participei. Quase, porque outros compromissos me
fizeram chegar atrasado, mas a visita valeu pelo
reencontro com pessoas tão queridas |
Mas voltando à minha visita, já deu tempo de rever amigos, entre
os quais a minha parceira de Facebook, a gentilíssima assessora
de imprensa da Prefeitura, Leonice Mondello, o meu grande amigo
e companheiro Valentim Baraldi e, para minha imensa alegria, o
itapolitano centenário, Domingos Cardilli, o Mingo, que me
surpreendeu com sua boa forma, com sua lucidez e viva memória,
eu que me julgava um velho ainda esperto pude constatar com
alegria que a minha lucidez pode ir bem mais além dos meus 81
anos, Deus me conserve. Com o Mingo pude rever os seus parentes
que conheci na minha juventude, suas cunhadas Dona Zilda e Dona
Zalir, suas filhas Dona Denir e Dona Cleide, seu neto Rodrigo e
seus bisnetos Eduardo e André, todos muito bem, demonstrando
saúde e muita vivacidade. Foi um encontro do qual nunca vou me
esquecer, um fim de tarde carregado de lembranças e de emoção.
Lembramos do José, do Lino, da Dona Mafalda, sua irmã que foi
minha vizinha e que tem uma filha em Iacanga, minha dileta amiga
Marilza. Não é sempre que se encontra uma pessoa como o Mingo,
que tem tantas histórias guardadas na memória. Foi realmente uma
grande emoção para mim.
Vou passar ainda alguns dias por aqui, revendo amigos e cuidando
dos últimos detalhes do livro que já está na reta final,
reproduzindo as crônicas dos anos 2009 e 2010, que formam seu
Volume I. Será uma trilogia, que vamos chamar de “Histórias que
não foram escritas”, nome este que foi criado pela cabecinha
esperta do Valentim Baraldi, este tesouro itapolitano que também
participa do livro com as ilustrações. Outro itapolitano ilustre
e de brilhante inteligência vem cuidando da montagem e
acabamento desse livro, o meu querido amigo Sinibaldi Del
Guércio Filho, que se encarregou também da introdução que será
impressa na orelha do volume I.
O prefácio já está pronto e, a meu pedido, foi escrito por um
moço que conheci durante a preparação dos festejos dos 80 anos
da E.E.P.S.G. Valentim Gentil e que se apossou do meu coração,
esse menino de ouro que todos conhecem e admiram, o Lucas
Mendonça Gentil. O Lucas foi quem me introduziu no trabalho de
resgate da memória a velha Itápolis, por sua sugestão passei a
escrever as crônicas que eram publicadas no “Diário da Cidade” e
no Memorial da revista eletrônica
www.comerciodeitapolis.com.br, administrado pelo Valentim
Baraldi que continua publicando-as e agora também o site
www.itapolis.net administrado pelo meu sobrinho Vicente
Nigro Vianna, que os vem publicando desde janeiro desse ano de
2013. E o Lucas também foi quem em incentivou a reunir as
crônicas em um livro que contará a história da nossa cidade, dos
anos 30 até os anos 50.
Serão 3 volumes que contarão passagens, causos e histórias que
envolvem pessoas e famílias da minha “mais tenra Itápolis”. Seu
lançamento não deverá demorar, mas como gato escaldado tem medo
de água fria, a data e o local só serão anunciados quando o
livro estiver impresso e todos os detalhes estiverem
consolidados.
Agora vou mandar esta crônica para os responsáveis por sua
publicação e vou visitar meu irmão Roberto, meu amigo Sinibaldi,
dar um pulo na casa do Chiquinho Santarelli, de quem estou com
muita saudade e tentar encontrar mais alguns velhos amigos. E
continuar respirando o ar benfazejo da minha terra. |