Sábado passado, 1º
de Dezembro, tivemos em São Paulo, o 33º Jantar dos Itapolitanos,
organizado com árduo empenho pela nossa querida Zezé (Maria José
Faria de Mello). No horário marcado desabou uma chuva torrencial,
dessas com que São Paulo já se acostumou faz tempo e que causa
alagamentos, queda de iluminação em vários pontos da cidade,
semáforos apagados dificultando o trânsito. E isto foi causa de
muitas ausências, perfeitamente compreensíveis, pois é temerário
sair às ruas paulistanas em noites assim.
Mas, deu para
matarmos a saudade de muitas criaturas que nos são queridas. E para
avivar a memória em torno dos velhos tempos; pude recobrar a
lembrança de famílias com quem tive a felicidade de conviver na
minha infância e juventude. Quando eu não reconhecia alguém, tratava
de perguntar aos circunstantes e aí se abria a lembrança de seus
familiares já distantes deste mundo, de suas casas, seus jardins,
seus quintais. Observando-os via eu voltarem as imagens dos
encontros nas calçadas, nas rezas da Matriz, nas missas de domingo
ou na praça do jardim, com suas crianças. E aí eu pude constatar
quantas famílias, quantas criaturas, quantas figuras interessantes
ainda me falta descrever e relatar nestas crônicas.
Eu sempre ligo as
pessoas da velha Itápolis às suas casas, às suas ruas, ao seu
bairro. É impressionante como me voltam à mente a vizinhança
daquelas pessoas, as casas comerciais, oficinas, barbearias, as
costureiras do pedaço em que moravam. E isto me faz feliz, porque me
alegram o coração estas lembranças. Eu confesso que alguns nomes já
me escapam, afinal não sou mais nenhum menino. Por isto estes
encontros me são tão agradáveis e a oportunidade de resgatar as
pessoas, os lugares e os fatos que já se perdiam em mim.
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Dª Dalva Caivano,
eternamente jovem. Quem é rei não perde a majestade! |
Eu perguntei a
alguém quem era uma senhora simpática que conversava animadamente
com a Dona Dalva Caivano e a resposta me despertou uma torrente de
lembranças que estavam dormindo em minha mente. “Ela é da família
Breviglieri, aquele com ela é seu marido, da família Novelli”,
respondeu-me Dona Dalva! “Breviglieri!”, comecei a repetir
mentalmente. Que nome tão familiar, que eu achava tão lindo,
pronunciado em bom italiano “Brevilhiéri”, como falava a Nona e
todos os imigrantes da distante Itália. Era uma família enorme,
tanto as mulheres como os homens que a formavam eram assíduos nas
missas de domingo, nas festas da Coroação de Maria, cerimônia pela
qual eu tinha paixão, de tão linda, cheia de anjinhos, altares
maravilhosamente enfeitados, na nave iluminada de nossa esplendorosa
Matriz.
E os Breviglieri não
faltavam. Como não faltavam os Dal Róvere, os Fanelli, os Rodeguer,
que tinham um representante no Jantar, o Otávio Celso, que assina
Rodeguero, e vai me explicar isto logo logo. Pronto!voltei pra casa
carregando um amontoado de sobrenomes até pouco esquecidos, que me
levaram a procurar na memória, como eram, como viviam os Palmitesta,
os Dall’acqua, o alfaiate Romanini, daquela esquina do largo da
Matriz, os Otero, o Roque Zuanon e seu irmão Conrado, o popular
Conrado, as irmãs Saavedra, os Pinotti, os Boralli, os irmãos Ricói,
Paulo e Hélio, exímio violonista. Lá eu encontrei um casal de irmãos
Maradei, o Vicente Machado e sua simpática irmã, a Darli
Scornaienchi, amiga dos tempos de mocidade, filha da Professora Dona
Natalina e do Sr. Nicola.
Pude trocar algumas
lembranças com a Clélia La Laina, filha do Vitorino e da Dona Irene,
cuja doce lembrança fez-nos falar da família Zaparolli, que tinha
uma casa estilo florentino na esquina da Campos Salles com a Rua Rio
Branco, que foi um dia demolida para dar lugar à casa moderna do meu
professor de Admissão, o já advogado Dr. Arthur Del Guércio e da
Professora Eunice Santarelli. Em outra mesa encontrei o irmão da
Clélia, o Mauro La Laina, e os Zaparolli voltaram à tona, com suas
origens itapolitanas do bairro do Quadro. E noutra mesa estava a
Maria Clara Tarallo, ali por perto minha prima Zuleika, esposa do
Rodeguero. Dona Dalva foi ao jantar em nossa companhia, e lá
encontrou sua filha Aulida Regina e seus dois netos, Almir e
Amílcar, lá estava também o Laércio Tarallo Mendes, o Polinha, o
Adão Massari, a Iracema Mendes e seu filho Antônio e mais um bom
número de pessoas.
Tenho ainda
muito assunto para tratar aqui e, enquanto houver jantares de
conterrâneos, a memória estará alimentada. |