Já que falei da
relação entre as famílias Pace e Lalaina, vamos relembrar esta
família que, nos meus tempos de criança e de moço, exerceu
influência no desenvolvimento de nossa cidade. É claro que ainda
hoje existem Lalaina na cidade, mas eu busco resgatar lembranças
e abordo a gente daqueles anos em que vivi na minha querida
terra natal.
Quem quer que
frequentou o Centro da cidade, principalmente a rua do cinema e
do Boulevard, terá conhecido aquela família que, nas noites de
céu aberto, se espalhava na calçada defronte ao Cine Theatro
Central e ficava contemplando a movimentação das pessoas que se
juntavam naquele quarteirão entre a Av. Francisco Porto e a Av.
XV de Novembro, atual Valentim Gentil. Ali sentavam-se o Sr.
Gilberto, sua esposa Dona Adalgisa, a tia Linda, o tio Chico e
às vezes uma filha, um parente, o tio Micúcio, nos fins de
semana, O Sr. Gilberto, dono de uma bem instalada Máquina de
Beneficiar Café, situada na esquina das avenidas 7 de Setembro e
Eduardo Amaral Lyra, era um tipo magro, claro, que quando andava
pela cidade sempre usava chapéu e caminhava depressa. Dona
Adalgisa era uma mulher bonita, vistosa, gostava de vestir-se
com roupas de estampas alegres. Os dois tinham quatro filhos: a
Hilda, a Wanda, o Hélio e a Vera, que por ser do tipo “mignon”,
era chamada de Verinha. A Hilda eu conheci pouco, pois ainda
criança vi seu casamento com o primo de minha mãe, o Otacílio,
filho do tio Antenor Sene e da tia Augusta Pousa Sene,
casaram-se e foram residir em São Paulo, onde Otacílio era
professor de Hidráulica, na Escola Politécnica da USP. Tiveram
dois filhos, o Dan e o Joel, primos que eu fui conhecer há
pouco tempo atrás. A Wanda formou-se professora, casou-se com o
Pedro Paulo Porto, homem de cartório e acabou sendo minha
professora de Didática, na Escola Normal
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08 de janeiro de l949, em Itápolis
- Oeste 6 X 4 Ipiranga de Catanduva
Da esquerda para a direita:
Em pé: Carlos Dultra, Neu Miranda,
Anuar, Hélio José La Laina,
Milanês, Pelota e Oacyr Antonio Ellero (pé de pato)
Agachados: Irani Juliano, Luiz dos
Santos (Careta), Dema, Didi e Rubinho
Obs.: Anuar, Milanês, Pelota, Dema,
Didi e Rubinho eram do CAT de Taquaritinga |
“Valentim
Gentil”. Era bem bonita a Wanda, puxou decididamente pela mãe,
dona Adalgisa, era comunicativa e satírica, tirava sarro dos
alunos, sem deixar de ser querida. O Hélio era um moço bem
claro, de pele e de cabelos, tinha porte atlético e foi meu
ídolo como center-alf do Oeste F.C. Jogava um bolão o Hélio, era
estiloso, clássico, elegante no gramado; Hélio Lalaina formou no
esquadrão do Oeste dos anos 40 e 50, timaço quase imbatível. A
Verinha era estudante mais adiantada que eu, e além de excelente
aluna era jogadora indispensável dos times de basquete e de
vôlei do Colégio. O casal dividia o casarão da Avenida Rio
Branco com os chamados tio Chico e tia Linda, ele guarda-livros
que mantinha um escritório contíguo à residência e ela, a tia
Linda era mulher de muitas prendas.
Na mesma rua,
mas já na esquina da Francisco Porto vivia outro ramo dos
Lalaina. Ainda meninote tornei-me sobrinho de um deles, o tio
Domingos, que se casou com a tia Santinha, irmã de minha mãe.
Lembro-me bem da Dona Úrsula, uma senhora vistosa que tinha os
cabelos brancos mais atraentes que já vi. Seus cabelos eram de
um branco uniforme, sem um fio de cabelo preto, e eram
ondulados, parecendo aquelas lindas perucas que usavam os nobres
europeus nos séculos XIV e XV. Dona Úrsula era majestosa,
respeitada e muito amada pelos seus filhos e netos. Fui inúmeras
vezes à sua casa, brinquei com seus netos, a Leda, que tinha o
nome pronunciado com e aberto (Léda) e com o Chiquinho. A
Clélia e o Mauro nasceram depois, quando já estávamos deixando a
infância. Eram filhos do Victorino e da dona Irene, moça do tipo
“mignon”, da família Zaparolli, lá do Quadro. Tia Irene, como eu
também a chamava, era uma doce criatura. Victorino cuidava da
loja, anexa à casa. Era a conhecida e movimentada Casa Lalaina,
que fazia frente à Padaria Santarelli. Meus tios Domingos e
Santinha moraram um tempo na casa ao lado, na Rio Branco, onde
nasceram a Graziella e o Domingos, logo tratado carinhosamente
de Dozinho. Já longe dali, não me lembro em que cidade (tio
Domingos era fiscal da Fazenda Estadual) nasceu o Romualdo, se
em Presidente Prudente ou em São Paulo.
A única filha de
Dona Úrsula, era a Adelina, que já conheci casada com o Cleante
Semeghini, na verdade Cleante Pedro, fazendeiro de café, sua
propriedade ficava na estrada que leva a Tapinas. O Sr. Cleante
e dona Adelina tiveram três filhos: o Cleo, abreviado de Cleante,
a Gisella e o Francisco, que de pequeno ganhou o apelido de Kiko.
Dona Adelina era uma mulher resoluta, de personalidade marcante
e temperamento forte e tinha forte participação na vida
religiosa da cidade, principalmente na Irmandade do Coração de
Jesus. O Cleo acabou virando meu primo também, pois se casou com
minha prima Cacilda Rondelli. Só que nos deixou cedo demais, com
a Rossana perto de nascer.
A família se
completa com o irmão, filho mais velho de Dona Úrsula, o
Caetano, que pra mim sempre morou em São Paulo. Caetano era
casado com uma moça muito simpática e bonita, que chamavam de
Boneca. Os dois tiveram um casal de filhos.
Destacando o tio
Domingos e a tia Santinha, eles tiveram grande participação na
minha formação, pois me acolheram com muito carinho e zelo, em
São Paulo, quando fui cursar a USP, logo no começo dos anos 50.
E o Domingos Jr, meu querido primo Dozinho, psiquiatra de
renome, foi quem tirou meu filho Ricardo da condição de
esquizofrênico, devolvendo-lhe vida saudável e a sociabilidade
antes perdida. Eu sempre digo que sou um sujeito de muita sorte,
pois sempre encontro amparo de pessoas maravilhosas. Como dizia
um amigo meu lá do Corguinho, “Eu não se queixo de Deus nem um
pouco!” |