Histórias que não
foram escritas
Diário de Itápolis VII |
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A minha mais tenra Itápolis, como escrevi no primeiro artigo, vivia nos anos 30 uma época de grande desenvolvimento, sendo seu comércio muito ativo e movimentado. Vamos ver agora como se comportava o comércio local. A cidade tinha várias áreas de comércio diversificado. A Avenida Campos Salles, desde a rua Padre Tarallo até a saída de Itajobi, tinha uma sequência de lojas, armazéns, empórios. Naquele tempo não havia supermercados ou mercadinhos ao estilo de hoje; naquele tempo você se dirigia ao balcão onde era servido. Os grandes empórios eram chamados de ARMAZEM. Itápolis teve vários.
Na Campos Salles primeiro foi o armazém do Turo Tarallo. O Armazém dele era no meio do quarteirão entre a José Trevisan e a Ricieri A. Vessoni, em frente à oficina do Reynaldo Guandalini(hoje Padaria JJTA, Portante Tecidos e Imobiliária Itápolis). Tempos depois, quando não havia mais o Armazém do Turo, na esquina de baixo instalou-se o Armazém do Hipólito Zuliani. Na Rua Ricieri A. Vessoni, esquina com a Francisco Porto, havia a Casa Armentano, tendo como vizinho, na Francisco Porto o armazém dos Monzillo(hoje Varejão da Qualidade); pra baixo da Valentim Gentil, havia o armazém dos Irmãos Ceraico, a Casa Ceraico, Estes estabelecimentos eram chamados de “armazém” também porque tinham depósitos de mantimentos e vendiam tanto no varejo como no atacado. Outros comerciantes que trabalhavam só no varejo se espalhavam pelos quatro cantos da cidade. No centro, esquina da Rua Rio Branco com a Francisco Porto tínhamos a Casa La Laina(hoje Consultoria Barelli), em frente à Padaria do Santarelli(hoje prédio da Lotérica Cidade das Pedras). Na esquina de cima havia o empório do Biella(hoje Tittus Papelaria), subindo mais, depois da linha do trem, estava o empório do Delermo Boralli(hoje Só Tintas). Na Vila Nova, logo no começo da Florêncio Terra, saída para Borborema havia a “venda” do Vicente Granuci, Tínhamos a “venda” do Bifi, na saída para diversos sítios, dentre os quais o mais conhecido era a Roseirinha. A Campos Salles, que tinha o comércio mais forte, tinha os empórios do Abramo Mói, vizinho do Armazém do Turo Tarallo, mais adiante a Casa Fiani.
Ao redor da Igreja Matriz tínhamos várias casas comerciais, como o famoso bar do Nino Celli(hoje Doçaria Pequeno Segredo e Papelaria Risk Rabisk), na esquina da Valentim Gentil com a Padre Tarallo; você atravessava a rua e encontrava a Casa Santa Cruz(hoje Palácio do Som), que vendia tecidos, armarinhos e algumas confecções e pertencia ao irmão do Turo Tarallo, o Núchio (abreviação de Caetanúchio, diminutivo de Caetano, assim como Turo era abreviação de Arturo). Na mesma calçada da Casa Santa Cruz, ao lado da Matriz tínhamos a loja do Maurílio Ferraz, falecido ainda jovem, deixando viúva a irmã do Deputado Valentim Gentil, dona Anita. Na mesma calçada, na esquina da Florêncio Terra, outra loja de tecidos e armarinhos, a Casa Estrella(hoje Drogaria Econômica).
Na esquina da Rua Barão do Rio Branco com a Valentim Gentil, tínhamos a Casas Pernambucanas. Ainda na Barão do Rio Branco, do lado direito da Matriz, tínhamos a Sorveteria do Gijo Lapenta, que depois foi do Elpídio Fontes e, muito depois, do Cacini(hoje Safari Jeans). Itápolis tinha na época três postos de gasolina: na Campos Salles, o Posto Shell do Arcângelo Nigro, mais tarde do Toninho Gianzanti(hoje destivado); na esquina da Francisco Porto com a Ricieri A. Vessosi, o PostoAtlantic, da família Armentano(também desativado) e na esquina da Francisco Porto com a José Trevizan, o Posto Esso(hoje Solla Móveis), do Bepin Trevizan (o próprio, nome hoje da rua). Os barbeiros da nossa velha Itápolis eram o Torricelli, cujo salão ficava atrás da Martriz, o Zezé Celli, de quem tenho enorme saudade, cujo salão ficava na descida da Valentim Gentil, à direita, quase chegando na esquina da José Trevizan; o outro barbeiro era o Dorfinho, pai do Niquinho, de depois virou barbeiro também, e o salão deles era na Campos Salles, quase em frente ao Posto Shell. Alem destes tínhamos um barbeiro ambulante, que atendia a domicílio, o Gilberto Apolaro; sempre carregando sua valisa, o Gilberto ia às casa dos fregueses, meu pai era um deles. Gilberto gostava de cantar conçonetas italianas e cultivava uma longa unha no dedo mindinho da mão direita.
Tínhamos várias máquinas de beneficiar café e também de beneficiar arroz. Tínhamos a máquina de arroz do Biela, na esquina da Campos Salles com a Padre Tarallo(hoje Atual Farma); a máquina do Lucato, na esquina da Florêncio Terra com a Ricieri A. Vessoni. – Máquinas de café tínhamos várias pois o produto era a maior riqueza do município. Lembro-me da máquina do Carelli, na Francisco Porto, pra cima da linha do trem. Na esquina da Avenida 7 de Setembro com a Eduardo Amaral Lyra, era a máquina do Gisberto La Laina, que tinha como gerente o tio José, pai do Nilo, do Danilo, do José Carlos, do Mauro e da Catarina Pace, a Bela, esposa do José Granuci. O Sr, Carlos Vessoni também tinha uma máquina de café, na Avenida Valentim Gentil, como quem vai em direção à atual Rodoviária. Na rua Bernardino de Campos, bem lá em cima, onde funcionou a agência Volkswagen, dos irmãos Nilton e Nilson Tarallo, também havia uma maquina de café, da família Bathloune. O Sr, Salim Ferreira Haddad, pai do Dr. Emílio e do Dr. Walter Haddad também tinha sua máquina, na }Avenida 7 de Setembro, defronte à Escola de Aplicação(hoje terreno baldio na esquina do Colégio Oswaldo Bruschi). O comércio e a agro-indústria eram tão ativos e prósperos na Itápolis dos anos 30, que vou precisar dedicar-lhes dois artigos, este e o próximo. |