Histórias que não
foram escritas
Escolas e Professores |
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Na minha mais tenra Itápolis nossa querida terra esmerava-se na Educação. A cidade gozava de conceito elevado e nas cidades vizinhas referiam-se a Itápolis como um “centro educacional”. Depois da Escolinha da Dona Mazé, o Grupo Escolar “Antônio Morais Barros”, hoje chamado de “EEPG Julio Ascânio Mallet, era para onde eram destinadas as crianças que atingiam os 7 anos de idade. O Grupo, como era chamado no dia a dia, era o propulsor do primeiro saber. Possuia um corpo docente de primeira linha, e o resultado era digno de aplausos. O prédio tinha a mesma aparência que conserva até agora, com poucas mudanças de peso. As escadarias à esquerda e à direita, os largos corredores laterais ( nos anos em que ali estudei, os funcionários formaram um enorme mandiocal, no corredor que fica à esquerda de quem olha o prédio de frente.). Como era uma construção em forma de U, um U em linhas retas, no centro dele havia um pátio enorme, ornamentado por canteiros de flores, onde ficávamos à espera do sinal para entrarmos nas salas de aula .No fundo do corredor da direita havia um pé de jatobá frondoso, que os funcionários não cansavam de me dizer: “Foi sua mãe que plantou, quando ela dava aulas aqui”. De fato minha mãe foi professora leiga do Grupo Escolar, uma categoria de professor que foi extinta. O velho jatobazeiro foi derrubado há pouco tempo.
Na época em que ali estudei, de ‘1941 a 1943, (dispensaram-me do primeiro ano por estar bem adiantado, por obra da querida Dona Mazé.), tínhamos no Brasil o governo Vargas, que era tido como ditador. No pátio, à espera do sinal, perfilados todos cantávamos hinos patrióticos, como a Canção do Soldado. O Hino à Bandeira e outros. Antes de dar início à aula, cada professor lia pára sua classe um capítulo da biografia do Presidente da República, o gaucho Getúlio Dornelles Vargas, era o culto à personalidade, típica dos regimes discricionários. O quadro dos mestres se compunha de nomes respeitáveis. Dona Linah, esposa do alfaiate Corintho Gianotti, era das mais disputadas entre os pais dos alunos. Dona Natalina, temida pelos alunos, elogiada e apoiada pelos pais, que admiravam sua conduta austera. Professor Valdemar Canciani, Professor Roberto Massari, Professora Abigail Sene Rondelli, a minha querida Tia Bibi, a `Professora Maria Augusta Pousa Sene, também disputada pelos pais dos alunos, a Professora Dona Teófila, adorada pelos alunos, a Professora Sebastiana Porto, o Professor Rômulo Pero, a Professora Isabel Vessoni, enfim, uma constelação de mestres brilhantes, uma garantia de ótimo ensino, Apesar do rigor, da austeridade, da disciplina rígida, a gente tinha adoração pelo Grupo.
Dele saíamos com base sólida para poder encarar o curso ginasial, também famoso pelo rigor que marcava sua atuação. Para você se matricular no Ginásio era preciso enfrentar o temido Exame de Admissão, que fazia a peneirada geral dos candidatos. Lembro-me do Curso Preparatório à
Admissão que era ministrado pelos professores Arthur Del Guércio e Ernesto Ferrari, num prédio localizado na Padre Tarallo, entre a Francisco Porto e a Campos Salles. Os que vínhamos do Grupo, cursávamos, quando o fazíamos, nos meses finais do curso, uma espécie de Intensivão. E brilhávamos nos exames! O Diretor do Grupo, professor José de Barros Chagas, comandava tudo aquilo com tranquilidade. Homem de diálogo, ele mantinha a disciplina sem nenhum alarde. Os professores eram tidos e tratados como se fossem da família do aluno, seus segundos pais. As festas do Grupo Escolar ficaram na nossa memória, pela sua magnitude e pelo alto nível cultural. É, minha gente, a nossa EE “Prof. Julio Ascânio Mallet” tem história, E história em nível de 1º mundo! Agora nas festividades que comemoramos os 80 anos da EE “Valentim Gentil”, queremos atrelar ao carro-chefe do ensino de Itápolis, estes dois parceiros na formação dos nossos cidadãos: a Escolinha da Dona Mazé e o Grupo Escolar Antonio Morrais Barros, juntando-se a eles as demais instituições de ensino de nossa querida cidade das pedras.
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