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Nair de Oliveira
Sene |
Eu disse Oliveira
Sene? Disse sim. Com todos da família com que falei, recebi a
informação de que eles são apenas Sene. Que Oliveira Sene é só a
Nair! Só a Nair? Mas em se tratando da Nair de Oliveira Sene, de
quem já falei em crônicas passadas, nada nela combina com “só”! A
Nair sempre foi múltipla, sempre foi plural; ela deu a marca dos
Sene na nossa cidade, nos anos 30 e 40. A marca dos Sene que não
era a riqueza, nem o poder, a nossa marca, que nos dava orgulho era
a da inteligência, modéstia à parte. E a Nair elevou esta marca aos
píncaros. Brilhante oradora oficial do nosso velho Ginásio,
emocionante declamadora nos eventos cívicos e comemorativos, Nair
ajudou a criar dois jornais estudantis, o “Glegi” (Grêmio
Literário e Esportivo do Ginásio de Itápolis) e também do “O
Normalista”
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Diploma da USP
Educador de Saúde Pública de Nair Sene Zucco |
dos quais foi redatora chefe. O antigo Ginásio Estadual de Itápolis
participou de um evento de âmbito nacional que valorizava e
honorificava a Educação Física, disciplina nova nos currículos
escolares. Participaram alunos de educação física, atletas,
jogadores de basquete e vôlei, e paralelamente se fez um concurso
literário com o tema “A Importância da Educação Física no Ensino
Brasileiro” Itápolis inscreveu a Nair e arrebatou o 1º Prêmio
Nacional.
Filha de Francisco Sene Jr. e de Sebastiana Florinda de Oliveira
Sene, Nair, nascida em Itajobi, em 1924, descendia de Francisco
Moreira Sene, oriundo da cidade de Silveira, do Vale do Paraíba.
Tinha como irmãos a Abgail, nascida em 1921, o Gomer, de 1927, a
Ruth, de 1929, depois, em 1934 nasceu da Elzinha, bem depois vieram
os gêmeos Odila e Odilon, em 1941 e o caçula Paulo, em 1944. Bem
criancinha ainda conheci o Chico e a Sebastiana morando numa casa
anexa à Igreja Presbiteriana, que nos anos 40 funcionava na esquina
da Francisco Porto com a Bernardino de Campos. Trabalharam duro
aqueles dois. O Chico Sene era camarada da Prefeitura e cuidava do
jardim da Praça Pedro Alves de Oliveira. A Sebastiana era lavadeira
de excelente conceito. Com o tempo compraram seu terreno ali na
Valentim Gentil, esquina com a Floriano Peixoto e lá construíram uma
boa e ampla casa.
O Chico tinha uma penca de irmãos, eram 12 a saber: a Julieta. O
Getúlio, o Rodolpho, a Maria, a Jovina, o João, o Narciso, o Luiz, a
Júlia, a Maria Augusta, o Romeu e a Benedita. Conheci quase todos, e
me lembro bem da casa singela em que moravam os que permaneceram
solteiros: o Rodolpho, a Julieta, a Cota, a Julia e a Dita,
bordadeiras e doceiras, ali na frente do antigo Hotel Modelo. Dos
que se casaram me lembro do Romeu, que morava num chalé lá na
Bernardino de Campos. Sua esposa, a Antonia casou-se com dois Sene,
primeiro o Bento, filho do Firmo, depois o Romeu. Com o Bento a
Antonia teve o José, o José Sene, meu primo sapateiro, o Sebastião,
a Bibía e o Chico; com o Romeu ela teve o Luiz, o João e a Coraly
moreninha bonita de se ver.
O Narciso, também casado com Antonia, morava, naquele tempo, numa
casa na margem esquerda da saída para Borborema. Mais tarde morou
numa casa avarandada, na antiga XV de Novembro, vizinho direito do
Sr. Henrique Scaramuzza. Ali eu brinquei muito com o Tadeu, com o
Nereu, com o José Ulysses, mas a turma não acabava aí não. O mais
velho era o Narcisinho, tinha a Terezinha, a Zuleika, a Maria Alice,
o Jaci, o Elias e o Rodolfo. Depois que crescemos o José e eu fomos
companheiros de adolescência, ele virou fotógrafo, criou família e
como eu, curte hoje a sua aposentadoria. Naquele tempo ainda não
havia nem Lia, nem Cris, nem Fábio, estavam todos esperando sua vez.
Lembro-me bem de um casal bem velhinho que, vez por outra, aparecia
na minha casa: eram o Nhô Firmo e a Nhã Silvéria, moraram pelos
lados do Cemitério, numa chácara arrumadinha, com horta e uma enorme
leira de batata doce. Acho que eles eram os pais do Sebastiãozinho,
que foi inspetor de alunos no nosso Ginásio e se mudou pra
Votuporanga ainda nascente. Tinha como irmãos o João, sempre
presente em nossa casa, a Aparecidinha e a Chiquinha, que morava
numa chácara cheia de verduras e frutas, ali onde é hoje o chalé
suíço do Major Zitelli.
Os Sene, que eu agrupo em Costa Sene e Oliveira Sene, em homenagem à
Nair, proliferaram, espalharam-se por este Brasilzão, mas a gente
sempre os identifica. Se tem a fala fácil, o espírito arguto,
sucesso garantido nas rodinhas, pode saber que é um Sene. Passei
anos sem quase vê-los, mas desde que a vida assossegou, procuro
vê-los, curti-los. Já encontrei a Rutinha, a Elzinha, em Jundiaí, a
Odila e o Odilon, em São Paulo. Já topei com o Jaci na padaria perto
de minha casa, agora soube que a Nair está em Campinas, Juntando
com a Giana e o Reynaldo da Grazielle, com a Rossana da Cacilda, com
o querido primo Hélio. Em Araraquera, com a Cris do falecido Nereu,
e com aqueles que vou procurar ainda, sinto que estou recobrando um
passado que parecia perdido no espaço. E isto me faz feliz.
De comum os da Costa Sene e os Sene tinham a origem da cidade de
Silveira, a espantosa comunicabilidade, o espírito de luta, a
alegria de viver e o sentimento atávico de amizade que sempre os
uniu, quer dizer, nos uniu. A sua bênção, Caboclo, à bênção Chico
Sene! A sua bênção Nair de Oliveira Sene. |