Histórias que não foram escritas

Orestes Nigro

"Gente que fez e que faz... por Itápolis e pelo próximo"

Família Amoroso

1-Eliana Amoroso, 2-Rosalia Saud, 3-Helena Martinelli Amoroso, 4-Ângela Puzzi, 5-Eloá Amoroso Galvão, 6-Rosa Maria Saud, 7-Cristina Amoroso, 8-Vera Cristina Amoroso, 9-Rosangela Amoroso, 10-Luís Cláudio Amoroso, 11-Estela Amoroso, 12-Carlos Amoroso, 13-Elói Amoroso Galvão, 14-Everaldo Amoroso, 15-Alfredo Amoroso Neto, 16-Alfredo Amoroso, 17-Maria Estorina Amoroso, 18-Jamil Saud, 19-Lourdes Amoroso Saud, 20-João Puzzi, 21-Flora Amoroso, 22-Odilon Galvão, 23-Carmela Amoroso Galvão, 24-Luis Amoroso, 25-Ida Cardarelli, 26-Manoel Amoroso, 27-Antonio Amoroso, 28-Olga Muniz Amoroso, 29-Maria Helena Amoroso, 30-Geraldo Amoroso, 31-Zilá Amoroso, 32-Neusa Martinelli Amoroso, 33-Paulo Orlando Amoroso(Paulino)

Há poucos dias, dando um giro pelas postagens do Facebook, deparei com uma foto do Toninho Amoroso e junto dele um texto maravilhoso, tanto pelo conteúdo como pela forma, mostrando com clareza e riqueza de detalhes todas a excelentes qualidade desse moço que, desde menino, eu admirei muito.

Era filho do Sr. Alfredo e de Dona Maria Storino Amoroso, gente que veio da italiana terra de Mongrasano, que se estabeleceram em Itápolis nos primórdios do século passado, ali na Rua Barão do Rio Branco, onde a família Amoroso permanece até nossos dias; uma família que tive o privilégio de conhecer desde a infância.

Não vou enumerar aqui todas as qualidades do Toninho Amoroso, tudo que fez de forma extraordinária, revelando uma habilidade raríssima, uma criatividade à flor da pele, porque isto já foi escrito e publicado no blog “Sol”, que eu não conhecia e que me encantou.  Vou pedir ao Valentim que publique ao lado desta crônica o texto que focaliza o Antônio Amoroso, para que todos leiam.

Vamos falar um pouco da família Amoroso. A Dona Maria e o Sr. Alfredo tiveram a filha Carmela, moça alegre, comunicativa, que brincava comigo toda vez que eu ia buscar vidros usados pelo seu irmão Luizinho, fotógrafo profissional, que os dava para meu pai usar nas lanternas que fabricava.

O Luizinho que conheci mocinho, mais tarde formou-se Professor de Trabalhos Manuais e era um dos mais queridos mestres do Ginásio Valentim Gentil. Luisinho Amoroso, quando deixou de ser fotógrafo, desmanchou seu studio e doou para o meu pai todos aqueles vidros retangulares que eram usados nas antigas máquinas de tirar retrato. E fomos eu e meu irmão Romeu buscar aquele monte de vidros enegrecidos, quando recebemos também dois caixotes cheios de provas fotográficas de pessoas que foram seus clientes.

Geraldo Hauers, o querido "Baianinho"

Aqueles caixotes viraram um animado entretenimento nas nossas noites. Púnhamos tudo sobre a mesa da cozinha e íamos olhando cada foto, procurando identificar cada rosto. E aconteceu um fato curioso que vale a pena contar pra vocês. Numa destas visitas às fotos dos caixotes, quem estava conosco na cozinha era o Baianinho. O Geraldo Hauers, conhecido como Alves, nosso grande comediante.

E pega foto e passa de um para o outro e se comenta sobre este ou aquele rosto, até que o Baianinho pegou uma foto de uma mocinha bem clarinha, bonitinha, sorridente. E o Baianinho parou naquela foto, ficou um tempão olhando fixamente para aquele rosto não identificado.

O tempo passou, ficou tarde e o Baianinho foi embora. Eu disse à minha mãe: “A senhora viu como o Baianinho encasquetou com a foto daquela moça? Por que será?” E minha mãe me deu uma explicação surpreendente: “Ela é irmã dele, ele nem desconfia”. 

Anos mais tarde, 1958, o já Geraldo Alves apareceu em minha casa em Rio Preto; foi uma grata surpresa para mim. Ele fora até lá em busca de sua mãe biológica, que tinha se revelado em carta para ele. Com muito custo conseguimos localizá-la. Ele teve um encontro com ela e seus filhos, os “novos” irmãos do Baianinho.

Quando ele voltou para minha casa, foi logo dizendo: “Lembra aquela vez que eu parei numa foto lá na sua casa? Pois é, ela estava lá, chama-se Genésia, ela é minha irmã, você acredita?” Eu pensei comigo “eu já sabia”.

Os outros filhos do Sr. Alfredo eram o Geraldo; o Antonio; a Lourdes; a Flora, que se casou com meu amigo e vizinho, o João Puzzi, irmão da Margarida, viúva do Ganito, que agora vive em Marília. E tinha também o Paulino. Todos o filhos do Sr. Alfredo o ajudavam na marcenaria e na Casa Funerária.

E aí tenho algo pra contar sobre essa gente boa. Quando minha mãe faleceu, em fevereiro de 1986, coube a mim comprar o caixão. Eu era professor, já não é preciso dizer mais nada. Tratei de ver o mais barato que pudesse pagar sem muito sacrifício. Quando escolhi um, o moço que me atendeu, pegou no meu braço e sentenciou: “Você vai levar este aqui para por a Dona Bebé! É o preço daquele lá, é o que ela merece!” Era o caixão mais bonito da loja. Perguntei o que ele era do Sr. Alfredo e ele me disse “Sou neto dele” Estou tentando me lembrar de seu nome. Só soube depois que ele era muito amigo da minha irmã Zizinha. Agora me digam: dá para esquecer um gesto desse?

Abaixo o texto e fotos do blog

Antonio Amoroso - Espírito pioneiro e empreendedor

 

Nasceu em Itápolis no dia 08 de setembro de 1.924, filho de Alfredo Amoroso e Maria Storino Amoroso, naturais de Mongrasano, Itália.

Casou-se com Olga Muniz e tiveram onze filhos - Alfredo, Everaldo, Rosângela Maria, Vera Cristina, Manoel Antonio, Maria Celina, Ivana Maria, José Eduardo, Antonio Luís, Maria Angélica, Maria Edwirges.

Antonio Amoroso, Toninho, como era carinhosamente tratado, desde menino, ajudava os pais que emigraram para o Brasil, estabelecendo-se no prédio da Rua Barão do Rio Branco n° 555, onde funciona até hoje a Funerária e fábrica de Móveis Amoroso; antiga Rua 13 de junho, onde circulou o primeiro número do semanário "O Progresso". 

Sendo um jovem irrequieto e curioso, tornou-se marceneiro, mecânico e eletricista. Herdando de seus pais o "Espírito da Península", precisava estar sempre fazendo algo, inventando, mexendo, surgindo daí várias obras, como por exemplo, máquinas de marcenaria totalmente confeccionadas por ele, como a lixadeira, a serra de tora horizontal e vertical, máquina de fazer blocos para construção, furadeira de mesa, máquina de lavar roupas, betoneira, ventilação e bastidores do extinto Cine Ideal dos Padres, carretilhas de redução para carregar toras em caminhão, carreta articulada para caminhão de tora (tudo isto confeccionado em madeira).

Também fez a transferência do altar Mor da Matriz local do seu lugar original, para alguns metros para a frente na Nave Central, confecção de batentes e assentamento das portas laterais da matriz local, pois eram assentadas dobradiças porteiras diretamente na parede e estavam sempre caindo e a pedido de Frei Paulo Luig sanou este problema, confecção do Mezanino e balcão totalmente esculturado em madeira (antes era alvenaria, muito perto do forro, não cabendo o órgão que o Frei Paulo Luig trouxera de Araraquara), projeto e execução do móvel que circunda o Órgão da Matriz construção das escadas de madeira da torre ao órgão e do órgão ao campanário, onde está o relógio da Matriz local (antes as escadas eram de alvenaria, destruídas, porque caíram os pesos do relógio), confecção das portas das torres da Matriz local, fabricação dos bancos das Igrejas dos bairros do Macuco, Monjolinho, Tapinas; Fabricação do Altar Mor e Altares laterais de Tapinas, confecção do Altar Mor da Igreja do Lar São José. Balcão com porta para a entrada da nova da capela do cemitério local, bem como a mesa de madeira para depositar esquife (na ocorrência de cerimônia fúnebre) e o assentamento das tres estatuas e manutenção das mesmas, que se encontram sobre a Igreja da necrópole.

E ainda fabricou móveis para o refeitório do Abrigo Rainha da Paz local; fabricação de todas as mesas de todas as capelas (exceto o da Matriz local), para a celebração de missas (época em que os padres passaram a rezar as missas de frente  para os fieis e não mais de costas e em latim) 

No decorrer de todos esses anos de trabalho, sempre ajudando e trabalhando na oficina junto aos seus irmãos Paulino Geraldo Luizinho, formou-se em Técnico de Contabilidade pela Escola Técnica de Contabilidade de Taquaritinga, em 1949.

Depois da aquisição do Serviço Funerário, adquirido pelo seu pai, tornou-se Agente Funerário, junto aos irmãos, e em dado momento, ficaram  ele, sua esposa e sua mãe, já viúva, sendo que seus irmãos se formaram e constituíram família, partindo para outros ramos. 

E hoje, seus netos Antonio, Rafaela e Aline trilham o caminho das ciencias jurídicas.

Antonio ficou com a Marcenaria e com a Funerária.

Mesmo doente, continuou trabalhando, construindo, inventando, até o dia de  sua morte, em 04 de janeiro de 1982, prematuramente, aos 58 anos.

Foi bom pai, bom filho, alegre, de bom coração,e fez muita caridade em silêncio.

A ele a justissima homenagem de O SOL e da população itapolitana, que com muito orgulho trará para sempre na memória a figura gentil de Sr. Antonio Amoroso!