Histórias que não foram escritas

Orestes Nigro

"De volta ao veículo tradicional"

 

Capa do 1º volume do livro de crônicas Histórias que não foram escritas

Estou saindo de baixo das cobertas para escrever esta crônica. Apesar da vacina, tomada religiosamente todo ano, fui acometido por uma das piores gripes de minha existência, com direito à tosse insistente, à coriza desanimadora e à febre alta. Que diferença do ano passado, quando passei meu aniversário em Itápolis, num sábado quente, sem ventania gelada, entre grandes amigos. Este desse ano foi batendo queixo de frio, enrolado em mantas, com dores pelo corpo todo, dessas dores que mudam de lugar o tempo todo e impedem que você ache uma posição cômoda para ficar na cama. Volta e meia atendia ao telefone, por onde vinham os cumprimentos das filhas, dos parentes mais chegados, dos amigos. Todos pareciam adivinhar que eu estava fragilizado, pois insistiam em desejar-me muita saúde (este “muita”, para um idoso, é indispensável) e, chegando agora aos 81 anos, passei a receber um novo tipo de voto de aniversário: “desejo a você muitos anos de vida!”

Alguns até caprichavam “muito anos de vida. Mas muitos mesmo!” Ah, se não fosse meu aniversário a me proporcionar tantos carinhos, tantas provas de amizade, acho que esta gripe me mergulharia na mais profunda fraqueza, tamanha a força com que me assaltou. Mas estou aqui me recuperando, até o apetite voltou e a minha empregada, a Neide, que conhece minhas histórias, tratou de fazer aqueles bolinhos de arroz que eu pedia pra minha mãe fazer, toda vez que caía doente. E nada como uma comidinha bem aceita para dar vida nova a um organismo combalido. Deu até para vir ao computador e escrever para anunciar uma feliz novidade!

Antes de revelá-la, vou justificar porque ela é importante. Nos dias que passei em Itápolis para o lançamento do volume 1 de meu livro, tive oportunidade de conversar com grande número de leitores, o que me deu grande alegria. E ouvi de muitos deles uma queixa:  por que minha crônica não está mais saindo no jornal. E constatei que muitos desses leitores nem imaginavam que eu continuo escrevendo e publicando pela Internet. Isto me deixou preocupado, fazendo-me sentir em dívida com inúmeros leitores fiéis, pessoas que, por um motivo ou outro, não têm acesso à Internet. Através do meu grande amigo Sinibaldi Del Guércio Filho, fiz chegar ao proprietário do semanário “Folha de Itápolis” a minha intenção de publicar as crônicas se ele tivesse interesse na medida. E tive a grata resposta do Sr. Walter Campos, abrindo espaço em seu jornal para que minha crônica volte a ser publicada e assim alcance estes queridos leitores, que são muitos, para minha grata surpresa.

Essa novidade vem trazer novo ânimo ao meu objetivo de continuar, enquanto Deus me der vida e lucidez, resgatando o nosso passado tão rico em fatos e pessoas super interessantes. Vou assim cumprindo este papel, que como disse o simpático  dirigente da AIA, Maurício Ferreira, ganha uma forte conotação histórica, embora eu não tenha nenhuma pretensão deste tipo.

Agradeço ao Sr. Walter Campos a oportunidade de alcançar  meus leitores e espero poder contribuir para com os bons propósitos deste órgão da imprensa escrita de minha terra.