"O Rei em Itápolis"

O clube de campo de Itápolis nasceu para ser grande, acredito mesmo ser um dos mais bonitos do interior paulista. Com uma ideia primordial, de tentar apaziguar nossa população no final da década de 60, pois o exercício político era à base de rancor, o que não era compatível com a origem de nossa cidade, que sempre cultuou a paz, o progresso e a amizade.

Temerosamente, os três pioneiros fundadores do Clube de Campo de Itápolis, Dr. Eduardo do Amaral Lyra, Dr. José Antonio Trevisan e eu, iniciamos esse trabalho contando com a colaboração de um pequeno número de adversários políticos, o que veio a facilitar a idealização desse trabalho.

Nelson Gonçalves, o cantor das multidões

Não falarei do trabalho da construção, mas sim, da colaboração de pessoas importantes, tanto de artistas, como de políticos, que outrora tinham uma postura equidistante da praticada pelos atuais.

Tínhamos cerca de 40 sócios e recebemos uma visita de um grande cancioneiro nacional, famoso pela sonoridade de suas melodias e portador de uma bela voz, nada mais, nada menos que, Nelson Gonçalves. Passamos, com a maioria dos sócios, um dos domingos mais belos de nossas vidas, almoçamos e ouvindo-o cantar o dia todo.

Roberto Carlos e seu "Calhambeque"

Em 1964, já presidente reeleito pelo segundo mandato, exercia também a vereança, quando fui solicitado pelo estudante do Grêmio Estudantil de nossa escola Dr. Valentim Gentil, Geraldo Dultra (Dultrinha), solicitando meus préstimos para solucionar um problema grandioso, pois tinha contratado um famoso cantor (para ele), cujo contrato exigia a presença de quatro soldados na porta do cinema para sua segurança, pois temia ser atacado pelas admiradoras de nossa cidade; o que a princípio achei um absurdo. Desse cantor, tinha ouvido uma só musica que achei bonita, mas não o suficiente para tal exigência. Tratava-se, porém, de Roberto Carlos e a música era “O Calhambeque”.

O Delegado de Polícia de Itápolis era o Sr. Buriham, que atendeu meu pedido, porém colocaria os soldados somente até ele adentrar ao cinema, pois possuía poucos soldados.

Naquela época tínhamos poucos bons restaurantes na cidade e o Dultrinha solicitou que, se possível, fornecesse um jantar no Clube de Campo, o que também concordei e obtive a colaboração de meus pais no preparo do jantar.

À noite, em frente ao Boulevard, pensei: “vou ver se seria realmente necessário a presença dos soldados e conhecer o tão famoso Roberto Carlos” e qual não foi minha surpresa, pois se os soldados não estivessem lá de plantão, o tal Roberto Carlos sairia sem suas roupas.

Fiquei pasmo, logo após fomos ao clube e conheci de perto um homem de uma visão ímpar, que sabia o que queria desta vida. De início, ele elogiou-me por ver um panfleto de homenagem que o Clube de Campo prestava a Orquestra Sul América de Jaboticabal, pelo Jubileu de Prata, de sua presença nos bailes de Itápolis.

Tony Ramos, na época em que esteve em Itápolis

Maestro Erlon Chaves (in memorian)

Afirmou-me: -“Lindo! Gostaria de receber, também, uma homenagem desta”, mas, concomitantemente, disse-me: “Não, não quero nada igual, não serei cantor por pequeno período, vencerei; venderei camisetas com auto retratos, bem como anéis com brucutus (peça do capô do fusca que espirrava água no vidro). Tudo que falou aconteceu sem afastar um milímetro. Adorei conhecer o grande Roberto Carlos.

Deputado Jacob Pedro Carolo discursa na inauguração do asfalto da SP-333 e do Ramal de Acesso

Tivemos, também, a visita importante do artista, Tony Ramos, acompanhado de seu progenitor, pois foi paraninfo das debutantes do ano.

Prestamos homenagem a Jacob Pedro Carollo, grande político eleito por Itápolis, que se tornou Presidente da Assembléia Legislativa Paulista.

Destaque, também, para o início dos bailes carnavalescos, quando a família Gualtieri trazia, de São Paulo, cerca de trinta foliões, inclusive, uma vez, o grande Maestro Erlon Chaves (in memorian), do Programa Flávio Cavalcante, da TV Globo.

Na Quarta Feira de Cinzas durante o programa, ele afirmou ter passado o carnaval num lindo Clube de Campo, numa cidade interiorana muito acolhedora, com o nome de Itápolis. 

Ufanamos por ter conseguido, em grande parte, a pacificação política, pois o rancor não condizia, naquela época, com a conduta de um povo que idolatra a amizade, democracia e religiosidade.

Tivemos um trabalho titânico para conseguir frequência dos sócios e, hoje, graças ao trabalho de presidentes e diretores passados, culminando com a nossa atual diretoria, tiveram sucesso, melhorando a freqüência dos associados, de uma maneira que o sócio se sinta satisfeito em todos os sentidos, quer no esportivo, quer no recreativo e até nos agradáveis churrascos as quintas feiras. Parabéns meus jovens!