Crônicas de Cássia Gentile

POR QUEM OS SINOS DOBRAM

“POR QUEM OS SINOS DOBRAM” é um romance de Ernest Hemingway escrito em 1940 e adaptado para o cinema em 1943 dirigido por Sam Wood, tendo em seu elenco Ingrid Bergman, Gary Cooper, Katina Paxinou, Akim Tamiroff, Wladimir Sokoloff, Arturo de Córdova e Fortunio Bonanova, entre outros.

 Filme famoso que marcou época, conta a história de um americano que vai até a Espanha para lutar contra a ditadura. Sua missão é explodir uma ponte nas montanhas junto à um grupo de guerrilheiros e se apaixona por uma militante órfã e começa a questionar sua perigosa tarefa e seu lugar em uma guerra estrangeira.

 Assisti este filme na Sessão da Tarde há mui...digo, poucos anos atrás ....kkkk e tenho certeza que muitos dos meus contemporâneos assistiram também. Por que escrevo sobre esse filme?

 Explico: Conta a minha mãe que há muitos anos atrás, dependendo do ritmo que os sinos badalavam, já se sabia que estava ocorrendo uma benção fúnebre e se o sepultamento era de criança ou adulto. Diz meu marido que se lembra que se podia saber até se era  mulher ou homem, ou seja “POR QUEM OS SINOS DOBRAVAM”. Puxa, fui longe!!!

 Daí, comecei a lembrar do papel que os sinos da igreja católica exerciam durante a minha infância.

 Além da hora que o relógio marcava com as badaladas, aos domingos o sino repicava alegremente por alguns instantes para avisar aos fiéis que a Santa Missa começaria em meia hora. Nós, pré-adolescentes (minha irmã e eu) dávamos as últimas escovadelas nos cabelos, um retoque com um batonzinho rosa, calçávamos os sapatos de domingo e saíamos apressadas para a missa.

 E cabe aqui lembrar que não podíamos esquecer os véus, pois que sem os mesmos não poderíamos comungar. As mulheres casadas usavam véus  pretos e as solteiras véus brancos. E que medo que eu tinha de por um triz “morder” a hóstia porque haviam dito-nos que se a mordêssemos, ela iria sangrar.” Valha-me Deus!”, cada absurdo que a gente acreditava.

 O preparo para receber a comunhão passava pelo jejum e como eu sofria! Até hoje não posso ficar muito tempo de estômago vazio que minha pressão cai e a sensação de desmaio se avizinha e se eu não comer rapidamente posso chegar às vias de fato. Então, assim que a missa terminava me dirigia rapidamente para casa e ao chegar lá sabia que um  delicioso molho à bolonhesa estaria sendo apurado para logo ser derramado sobre o espaguete cozido ao “dente”, e fazendo um “furo” no miolo do pão derramava o cheiroso molho e depois de assoprar um pouco saboreava o pão como se o manjar dos deuses fosse. Ah! Que maravilha! Sentia a energia voltando aos poucos e então depois deste pequeno lanche me dirigia a novos afazeres ou prazeres como ir até o Clube de Campo para  encontrar amigos e paquerar. Que delícia que era paquerar, logo, logo escrevo sobre esta maneira emocionante que tínhamos de realizar a “dança do namoro”. Era uma verdadeira dança com volteios, olhares, sinais, obedecendo determinadas regras, o que ocorria também durante os grandes bailes e carnavais realizados no citado clube.  

 Sigamos....kkkk  igreja, sinos...que orgulho sentíamos de já fazer parte dos “adultos” que comungavam. Era para nós a entrada para um novo mundo  Que ilusão estimada, mas o amadurecimento chegava sem perguntar a ninguém e ia nos atropelando, nos fazendo sentir sensações as mais diversas e controversas.

 Para fazer-se a primeira comunhão tínhamos como até hoje, fazer o catecismo e lá estava o sino novamente só que agora mais moderno. Ao invés do repicar do mesmo, era colocado música, também meia hora antes do início das aulas e assim corríamos a nos preparar e ir em busca da erudição.

 Outra lembrança que tenho vívida em meu pensamento é de quando tarde da noite quando o sono não vinha rapidamente eu escutava os badalos do sino dando duas, três horas da madrugada e ao longe ouvia o ronco de um caminhão que provavelmente pegava a estrada e ficava a pensar: prá onde ele estará indo? Quem será o motorista? Daqui? De fora? Está só de passagem? De onde veio? E assim pensando ia “deslizando” para o sono até perder-me nos sonhos de adolescente.

Estas são mais algumas lembranças da minha infância e juventude em Itápolis.

  Novas memórias estão aflorando e logo mais as colocarei no papel ou computador, como queiram. Caso você tenha alguma lembrança que gostaria de comentar faça isso lá no meu site cassiagentile.com ou em qualquer meio digital.

Até!!!